O futuro do mercado de luxo é: BOLINHO
Enfrentando seu primeiro ano de queda após uma década promissora, as estratégias de masstige do mercado de luxo ganham produtos ainda mais acessíveis.
O ano de 2024 trouxe um cenário preocupante pela primeira vez em uma década, para o mercado de luxo.
As ações do conglomerado LVMH caíram quase 5%. Os lucros da holding desceram 8%, no primeiro semestre deste ano. Outro grande conglomerado, Kering, teve uma queda impulsionada pela Gucci (que derreteu sozinha em 18%) - o lucro operacional do grupo despencou 42%, com Gucci, Bottega Veneta e Saint Laurent em declínio. Outras labels relevantes, como Hermès e Richemont, também enfrentam quedas nas bolsas de valores, além da baixa contínua nas vendas de artigos de luxo. Um cenário de diminuição da demanda por moda, relógios, artigos de couro, perfumes e cosméticos, assim como vinhos e destilados.
As taxas de juros mais altas globalmente têm aumentado o custo de vida para compradores das classes médias.
Desde que os atêlies de moda começaram a ser comprados por grandes conglomerados e famílias que dirigiam o negócio a anos, foram substituídas por acionistas com um compromisso financeiro pré-estabelecido, as estratégias de masstige entraram na vida dos consumidores.
Masstige é um conceito de marketing que combina o prestígio das marcas de luxo com a venda em massa, para grandes grupos.
Mas, se o luxo é “caro”, como vender para a “massa”?
Bom, você pode não conseguir comprar uma bolsa Dolce&Gabanna, mas talvez um perfume?
Se o perfume for inacessível, uma maquiagem?
Se a maquiagem estiver cara, talvez uma colaboração com uma marca de chinelinhos muito famosa?
E se R$349,90 em uma Havaianas for muito, que tal UM BOLINHO?
E é aqui, após esse prólogo gigantesco, que chegamos no tema central desse post: as collabs de marcas de luxo com cafeterias, marcas de doce e bebidas.
Apoiadas em matérias como a da Vogue, aqui abaixo, as marcas de luxo vem criando parcerias e produtos mais acessíveis.
“At $25 a smoothie, the monthly cost of a daily Erewhon could buy a Prada crossbody bag. But for some young consumers, this daily luxury is more important.”
Li alguns argumentos de que essa é uma adaptação para a geração Z, mais imediatista e sem capacidade de juntar grandes quantidades de dinheiro. Também existem especialistas que defendem como estratégia de recorrência: você não compra uma bolsa todos os dias, mas pode tomar um café todos os dias. E uma terceira linha que fala em consumo conspícuo: a demanda teria surgido da necessidade de postar nas redes e obter algum status.
Fato é que, pode até parecer novidade - mas é a mesmíssima estratégia de masstige, que fez a Chanel ter uma marca de maquiagem ou a Prada relançar modelos em nylon. Chegando quase no final de uma cauda longa.
Uma curadoria, para você ver o quanto essa estratégia está aumentando com marcas de luxo consideráveis.
Cedric Grolet + Hering - essa eu achei super interessante, porque a marca de “luxo” aqui é a Cedric Grolet.
Louis Vuitton lançou sua marca de chocolates em 2024.
A Cafeteria Pop-Up da Lancôme no JK Iguatemi.
Reparem que é um pouco diferente de ter o espaço, como o “café Tiffany” ou a “Gucci Osteria”. Aqui as marcas chegam não só nas massas, mas em espaços mais acessíveis como shoppings e lojas de rua.
Essa estratégia foi amplamente testada, em marcas que não tinham “tanto medo” de se expor, mas que já eram consagradas. Nos últimos dois anos, tivemos uma chuva: O Boticário e Bubbaloo, Carmed e Fini, Colorama e Fini, C&A e Chupa Chups, Herbíssimo e Mentos, Havaianas e Oreo, Anacapri e Leite Moça, Havaianas e Fini, Risqué e Doritos…
Estratégia comprovada e validada, aguarde para tomar seu cafézinho Ralph Lauren ou Channel, muito em breve, na Faria Lima.